Nas eliminatórias do 400m Livre Masculino das Olimpíadas de Londres 2012, o mundo ficou pasmo diante da desclassificação do campeão da época, o coreano Taehwan Park. Alguns instantes depois, o mundo viu o mesmo atleta defender seu título das olimpíadas de 2008. Mas nem todo mundo sentiu-se bem com isso...
Ainda nas eliminatórias, Park havia largado e concluído a prova em 1º. Imediatamente recebeu a notícia de sua desclassificação. Com isso, o canadense Ryan Cochrane, o 9º lugar no ranking, subiria para 8º e assim disputaria a final da prova. A federação coreana apelou e daí que o Júri de Apelação da FINA reuniu-se para decidir enfim, que haveria reversão na desclassificação. Naturalmente, o atleta anteriormente declarado como finalista da prova desceu para a 9ª colocação sofrendo um dos piores constrangimentos a nível mundial.
Participar de uma olimpíada na natação não é nada fácil, nunca foi. Imagine conseguir a muito custo fisgar um lugar numa final e de repente a arbitragem negar esse direito alimentado por semanas, meses e anos de treinamento?!
O processo de apelação na natação é algo que custa desgaste do próprio atleta e até compromete o constrangimento causado a outros. Não se trata de aceitar facilmente uma decisão contra um direito legítimo ou de se acomodar diante da pressão psicológica sofrida naquele momento. Como geralmente a equipe técnica é quem se pronuncia contra a decisão da arbitragem, mesmo assim o fato de chegar numa competição e ser surpreendido às vezes pode até causar um leve indício de como tal desgaste influencia no resultado final.
A nível mundial, os blocos das melhores piscinas são capazes de medir o tempo de reação dos nadadores, mas não detectam movimentos falsos durante a partida (como os tremores de pernas ou movimentos dos ombros): isso é tarefa para o árbitro geral e para o juiz de partida. Neste caso, mesmo a tecnologia estando a favor do atleta diante do cálculo do tempo de reação, a arbitragem corre o risco de errar contra o fato, se observar movimentos muito rápidos na largada de um atleta em relação aos demais e alegar que largou antes. Foi o que sustentou a reversão do coreano Taehwan Park, quando a tecnologia pôde atestar que seu tempo de reação foi posterior à largada.
Quando a arbitragem como da FINA dispõe de tal recurso, suas decisões podem ser revertidas com melhor convicção. Mas, e quando a arbitragem não dispõe do recurso tecnológico? Vale a pena refletir que a nível mundial desclassificações acontecem ou poderiam ser evitadas e que isso não desmereceria o status da arbitragem. Porém, se um atleta foi contado como finalista de uma prova e outro voltou a seu lugar, até onde a tecnologia pode ajudar a reverter uma decisão em detrimento de um constrangimento sofrido? Sugere-se talvez um problema de procedimentos entre algo decidido e outro revertido.
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