Apesar das conquistas dos nadadores que levaram suas raízes potiguares ao sul do Brasil para um dos maiores eventos da natação nacional, o 57º Campeonato Brasileiro Máster de Natação, nem todos conseguiram manter seu bom desempenho de início ao fim. Isso não porque cada um esteve instigado ou empolgado para demonstrar a garra da natação potiguar, como no start list figuravam dentre os melhores tempos das provas. Mas alguns fatores acabaram influenciando o desempenho individual e merecem certa análise.
Antes mesmo de começar o campeonato, o Paulo de Tarso sentiu dores em seu ombro direito e estava tomando medicamentos para honrar sua inscrição. O George Fonseca e o Franklin Rodrigues também tiveram seu desempenho individual comprometido nas últimas provas do campeonato, mas isso não devido propriamente ao treinamento. Atletas másteres não são mais como nadadores do juvenil ou júnior/sênior que se dão resultados um em cima do outro, mas precisam de tempo para recuperar sua forma após uma competição.
Sair de uma competição e ter apenas 05 dias pra recuperar realmente compromete o melhor que se poderia esperar de um atleta máster, como os nadadores tiveram que passar após a 1ª etapa do Estadual Máster, no dia 16 de abril, em que havia sido solicitado da FAN que antecipasse a competição para 15 dias antes do brasileiro. Infelizmente, a solicitação não foi atendida e isso pesou muito na balança, quando o desempenho dos nadadores potiguares se esbarrou em seus limites.
Na prova do 50m Livre, o Paulo de Tarso era o favorito ao ouro, mas depois de ter assegurado o bronze no 100m Livre, tendo iniciado o campeonato com dores no ombro, o atleta da categoria 60+ não conseguiu ir além e teve que abandonar a prova em que voltaria a ser campeão brasileiro, devido às fortes dores. Semelhantemente, aconteceu com o George que teve que abandonar o 200m Livre, também com o melhor tempo da prova.
Pensar numa equipe que represente o Estado é pensar no melhor que essa equipe possa contribuir tanto individualmente quanto em grupo, contando com o apoio não só de seus técnicos e amigos, mas dos principais responsáveis pela promoção do desporto aquático no Estado. Não basta investir recursos próprios ou às vezes tendo apoio de patrocínio, quando seria preciso abrir mão de uma competição para participar de outra em vista de datas muito próximas.
Na disputa do 100m Livre em que o Paulo de Tarso garantiu o bronze, a tomada de tempo se deu por placa (equipamento eletrônico automático sensível ao toque colocado na borda da piscina). A diferença de um único centésimo atestou o nível de competitividade do evento levado a sério. Segundo a SW 11.1, a classificação de um atleta é dada primeiro pelo toque na placa, prioridade estabelecida e garantida na Regra Oficial acima dos tempos dos cronometristas (pêra ou cronômetro manual). Caso haja defeito ou não funcione após sua devida instalação na raia do atleta, é que se considera o critério de tomada de tempo manual.
Considere a hipótese de a arbitragem durante o campeonato brasileiro ter pego tempo manual suscetível a cerca de 13 centésimos de reflexo do erro humano (tempo médio entre a visão e o comando manual através do cérebro). Talvez a natação potiguar não tivesse o que comemorar com o bronze do Paulo de Tarso. Outro exemplo seria a tomada de tempo da seletiva olímpica que classificou o potiguar Marcos Macedo. A diferença de 52.17’’ do potiguar para 52.22’’ de Vinícius Lanza (3º na lista dos classificados) são apenas 05 centésimos, ou seja, um número suscetível ao erro do reflexo humano entre a visão do árbitro e o comando manual do cronômetro. Será que estaríamos comemorando hoje a classificação do potiguar para as olimpíadas, se a tomada de tempo fosse manual?
Exemplos de placas colocadas na borda para tomada de tempo eletrônica e automática |
Em toda parcial de 50m ou 100m, quando o atleta toca na placa deve ser registrado seu tempo até o final da prova |
Numa análise do Campeonato Estadual Máster, em que se privilegiam provas de velocidade, cada vez mais os nadadores incrementam treinamento para evoluir. Há diversas séries em que os resultados são determinados por centésimos na última braçada. De certa forma, isso merece respeito, não por se tratar de desempenho de alto rendimento, mas porque o desporto levado a sério gera qualidade de vida com a prática e a sociabilidade que a natação promove.
É claro que a tomada de tempo manual não implica erro humano sempre que o árbitro utilizar este recurso. Trata-se de um critério estabelecido por Regra Oficial que deve ser respeitado, pois afinal, independente do tempo tomado, a decisão do árbitro geral é soberana. Mas, quando se têm dois recursos e um deles é mais preciso e despreza a maior margem de erro humano, por que utilizar o que gera dúvida, quando o toque determina a classificação final?
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