Foto: Arquivo pessoal |
Num dia como hoje, 01 de julho de 2009, há exatos 10 anos, com aquela indecisão meio desencorajada diante de uma realidade um tanto desértica, foi dado o "clique" inicial responsável por irromper diversas conquistas da natação potiguar no decorrer desses 10 anos de atividades como blogger. Encarar o desafio fora d'água exigiu curiosidade, visão de futuro e uma dose de amor ao esporte, pelos elementos que identificam valores puramente humanos, vividos "à flor da pele".
Eu sempre gostei de escrever, isso desde criança (...). Ainda guardo com carinho um protótipo de uma tentativa de revistinha em quadrinhos, que foi fruto de uma atividade escolar da 6ª série, isso aos 12 anos de idade. Na época, o prof. João Batista de Língua Portuguesa entregou os trabalhos com as notas para cada um dos alunos na sala, menos pra mim. Disse que eu tinha que conversar com ele na sala da direção. Enquanto isso, eu preocupado, me perguntava do que se tratava que parecia algo tão grave assim (...). Lá na direção, diante do diretor da escola, eu tremia ao pensar que seria chamado a atenção por algo, e realmente fui. O prof. João Batista simplesmente me deu nota 11! Que? Isso mesmo, nunca ouviu falar na nota 11?! Foi o que ele me deu diante do diretor da escola, pela precisão entre os elementos textuais que costuraram aquela narrativa de um personagem em quadrinhos. Algum dia uma cópia dessa revistinha poderá integrar um livro pessoal (...).
Às vezes a forma como alguém se expressa pode conquistar ou perder um talento. E foi isso o que aconteceu alguns anos depois, já integrando a antiga equipe de Zezé (+ 1998) no Sesi, com o advento da internet invadindo as casas em seus micro-computadores. Um dos nadadores (...) teve a brilhante ideia de fundar um blog exclusivo para os atletas da equipe, porém antes mesmo de lançar esse canal virtual de interação, criou-se uma expectativa de bullying entre os nadadores, ou seja, que aquele blog iria servir para "tirar sarro" da cara dos outros. Então, imediatamente eu me excluí do grupo, foi justamente no ano que Zezé veio a falecer em 1998, a equipe se dispersou e toda aquela ideia de blog foi por água a baixo.
Até então, nem mesmo a CBDA e a federação possuíam algum site como canal virtual de interação da comunidade aquática. Anos se passaram, e eu tive que me afastar da natação entre 2002 e 2008, quando fui instigado por amigos da UFRN a voltar a nadar. Daí, com todo aquele "boom" da primeira grande rede social mundial que era o antigo "Orkut", surgiram os primeiros grupos virtuais de natação do estado. Foi do antigo Orkut que surgiu a ideia de um espaço reservado exclusivamente aos atletas de modo público. Ou seja, enquanto o Orkut exigia senha para entrar, a ideia era algo que estivesse disponível ao público, como um mural de recados.
A ideia de um "mural de recados" virtual era publicar tudo que tivesse afinidade com a natação e fosse possível tanto a interação entre a comunidade, quanto a disponibilidade de informações ao público em geral. Até que a ideia do blog surgiu e se encaixou direitinho na pretensão que havia.
Inicialmente, esse "mural de recados" virtual abordou apenas a natação universitária. Foi uma oportunidade de "teste inicial" por um lado, como por outro, as circunstâncias assim exigiram de mim diante de outras responsabilidades pessoais. Veja como foi a primeira postagem no antigo blog "Natação UFRN":
Paulatinamente, esse "mural de recados" foi se tornando um blog como deveria ser. O primeiro grande embate foi diante de uma crítica feita a um professor de natação universitário que tratava alunos como se estivesse num quartel do exército, tamanha sua arrogância e altivez. Quem disse que para ser professor universitário, o conhecimento teria que estar vítima do autoritarismo? Dessa crítica, surgiram denúncias na Ouvidoria da UFRN e até aqueles que tinham sido vítimas desse mesmo professor ao perceber a postagem feita no blog, tomaram coragem para também denunciá-lo. Resultado: 03 meses de suspensão com direito a processo judicial.
Já no ambiente máster, o blog teve papel fundamental ao instigar a participação em diversos eventos e caravanas formadas por equipes em competições de cidades vizinhas. Somamos medalhas, troféus, melhores índices técnicos e recordes; somamos amizades e difundimos esse estilo de vida diferente que é ser nadador máster. Foi graças a essa interação virtual, contribuindo com a natação do RN, que fui reconhecido e incluído na antiga associação de nadadores másteres e daí, atropelando percalços, tornei-me um articulador para a conquista do 61º Campeonato Brasileiro de Másteres de Natação, realizado aqui em Natal/RN, em 2018.
Outra grande conquista de modo bem particular contra o meu próprio ego foi ter acompanhado a prova de 4x100 metros Medley Masculino, em que o potiguar Marcos Macedo foi campeão mundial pela equipe do Brasil, com César Cielo, Felipe França e Guilherme Guido, em Doha/2014. Mas, por que contra meu próprio ego? Porque uma notícia dessa não poderia deixar de ser abordada pelos principais jornais da capital potiguar, nem no mesmo dia nem nos dias seguintes. Além da transmissão ao vivo pelo canal Sport TV, outras informações foram rapidamente colhidas diretamente do site da FINA, o que resultou na repercussão que teve como uma das postagens mais acessadas do blog. Ora, um escritor amador atingir metas de público que os grandes jornais da cidade relegavam...
Compare "paradigma" ao seu melhor tempo cada vez que você tenta melhorar. Os tempos mudam, as épocas evoluem e os paradigmas são necessários. Porém, existem paradigmas que estacionam no tempo quando é necessário se atualizar. Se você não estiver pronto para se atualizar, aquele paradigma deverá ser quebrado, mesmo contra a sua vontade. O tempo exige, a época evolui e se aquele paradigma fica estacionado, é certo que alguém irá se sentir desconfortável quando algo tentar quebrar esse paradigma. Não adianta evocar qualquer preconceito, o paradigma deverá ser quebrado, para outro continuar a evoluir. Isso é o que galga um atleta num esporte como a natação, seja no campo prático, seja nas ideias formadas a partir dessa interação virtual.
Hoje, após 10 anos de sementes lançadas e frutos colhidos, revelar a natação potiguar ao Brasil e ao mundo tornou-se um desafio do tamanho da soma das minhas principais provas de natação: 100 + 200 + 400 + 800 = 1500. Figurativamente, cada prova possui uma identidade própria de se encarar, assim como abordar a natação de escolinhas, do estadual, dos paratletas, dos nadadores do mar ou maratonas aquáticas, dos másteres e dos universitários. Nem sempre a meta de satisfação pública é atingida, tanto pelos paradigmas da natação mundialmente conhecida, quanto pelos adversários que fazem do sussurro sua arma sorrateira de não conseguir fazer melhor. Que graça teria mergulhar sozinho numa piscina com outras 07 raias vazias? Adversários são necessários e importantes, mesmo quando fingem que está tudo bem.
É sabido que nosso público da comunidade aquática é bem restrito, comparado ao público esmagador do futebol. Paradigmas estão aí para serem quebrados, desde que com responsabilidade. E mesmo que pessoalmente eu não consiga, e isso se torne um dos maiores desafios pessoais, saberei que pude contar com grandes amigos e fui o mais longe que pude ir. Só tenho a agradecer a você que acompanha e acredita neste trabalho em prol da natação potiguar e compartilha nossas matérias. Meu muito obrigado, Deus, pela oportunidade de cintilar nesta breve história de um tempo muito maior da natação potiguar.
"Take your marks": Às suas marcas: 00'00.00''...
Eu sempre gostei de escrever, isso desde criança (...). Ainda guardo com carinho um protótipo de uma tentativa de revistinha em quadrinhos, que foi fruto de uma atividade escolar da 6ª série, isso aos 12 anos de idade. Na época, o prof. João Batista de Língua Portuguesa entregou os trabalhos com as notas para cada um dos alunos na sala, menos pra mim. Disse que eu tinha que conversar com ele na sala da direção. Enquanto isso, eu preocupado, me perguntava do que se tratava que parecia algo tão grave assim (...). Lá na direção, diante do diretor da escola, eu tremia ao pensar que seria chamado a atenção por algo, e realmente fui. O prof. João Batista simplesmente me deu nota 11! Que? Isso mesmo, nunca ouviu falar na nota 11?! Foi o que ele me deu diante do diretor da escola, pela precisão entre os elementos textuais que costuraram aquela narrativa de um personagem em quadrinhos. Algum dia uma cópia dessa revistinha poderá integrar um livro pessoal (...).
Às vezes a forma como alguém se expressa pode conquistar ou perder um talento. E foi isso o que aconteceu alguns anos depois, já integrando a antiga equipe de Zezé (+ 1998) no Sesi, com o advento da internet invadindo as casas em seus micro-computadores. Um dos nadadores (...) teve a brilhante ideia de fundar um blog exclusivo para os atletas da equipe, porém antes mesmo de lançar esse canal virtual de interação, criou-se uma expectativa de bullying entre os nadadores, ou seja, que aquele blog iria servir para "tirar sarro" da cara dos outros. Então, imediatamente eu me excluí do grupo, foi justamente no ano que Zezé veio a falecer em 1998, a equipe se dispersou e toda aquela ideia de blog foi por água a baixo.
Até então, nem mesmo a CBDA e a federação possuíam algum site como canal virtual de interação da comunidade aquática. Anos se passaram, e eu tive que me afastar da natação entre 2002 e 2008, quando fui instigado por amigos da UFRN a voltar a nadar. Daí, com todo aquele "boom" da primeira grande rede social mundial que era o antigo "Orkut", surgiram os primeiros grupos virtuais de natação do estado. Foi do antigo Orkut que surgiu a ideia de um espaço reservado exclusivamente aos atletas de modo público. Ou seja, enquanto o Orkut exigia senha para entrar, a ideia era algo que estivesse disponível ao público, como um mural de recados.
A ideia de um "mural de recados" virtual era publicar tudo que tivesse afinidade com a natação e fosse possível tanto a interação entre a comunidade, quanto a disponibilidade de informações ao público em geral. Até que a ideia do blog surgiu e se encaixou direitinho na pretensão que havia.
Inicialmente, esse "mural de recados" virtual abordou apenas a natação universitária. Foi uma oportunidade de "teste inicial" por um lado, como por outro, as circunstâncias assim exigiram de mim diante de outras responsabilidades pessoais. Veja como foi a primeira postagem no antigo blog "Natação UFRN":
Primeira postagem do blog "Natação UFRN" que foi o precursor do atual blog "Natação do Rio Grande do Norte" |
Paulatinamente, esse "mural de recados" foi se tornando um blog como deveria ser. O primeiro grande embate foi diante de uma crítica feita a um professor de natação universitário que tratava alunos como se estivesse num quartel do exército, tamanha sua arrogância e altivez. Quem disse que para ser professor universitário, o conhecimento teria que estar vítima do autoritarismo? Dessa crítica, surgiram denúncias na Ouvidoria da UFRN e até aqueles que tinham sido vítimas desse mesmo professor ao perceber a postagem feita no blog, tomaram coragem para também denunciá-lo. Resultado: 03 meses de suspensão com direito a processo judicial.
Já no ambiente máster, o blog teve papel fundamental ao instigar a participação em diversos eventos e caravanas formadas por equipes em competições de cidades vizinhas. Somamos medalhas, troféus, melhores índices técnicos e recordes; somamos amizades e difundimos esse estilo de vida diferente que é ser nadador máster. Foi graças a essa interação virtual, contribuindo com a natação do RN, que fui reconhecido e incluído na antiga associação de nadadores másteres e daí, atropelando percalços, tornei-me um articulador para a conquista do 61º Campeonato Brasileiro de Másteres de Natação, realizado aqui em Natal/RN, em 2018.
Oportunidade de um sonho realizado ao estar nos Jogos Olímpicos Rio 2016 Arquivo pessoal |
Outra grande conquista de modo bem particular contra o meu próprio ego foi ter acompanhado a prova de 4x100 metros Medley Masculino, em que o potiguar Marcos Macedo foi campeão mundial pela equipe do Brasil, com César Cielo, Felipe França e Guilherme Guido, em Doha/2014. Mas, por que contra meu próprio ego? Porque uma notícia dessa não poderia deixar de ser abordada pelos principais jornais da capital potiguar, nem no mesmo dia nem nos dias seguintes. Além da transmissão ao vivo pelo canal Sport TV, outras informações foram rapidamente colhidas diretamente do site da FINA, o que resultou na repercussão que teve como uma das postagens mais acessadas do blog. Ora, um escritor amador atingir metas de público que os grandes jornais da cidade relegavam...
Compare "paradigma" ao seu melhor tempo cada vez que você tenta melhorar. Os tempos mudam, as épocas evoluem e os paradigmas são necessários. Porém, existem paradigmas que estacionam no tempo quando é necessário se atualizar. Se você não estiver pronto para se atualizar, aquele paradigma deverá ser quebrado, mesmo contra a sua vontade. O tempo exige, a época evolui e se aquele paradigma fica estacionado, é certo que alguém irá se sentir desconfortável quando algo tentar quebrar esse paradigma. Não adianta evocar qualquer preconceito, o paradigma deverá ser quebrado, para outro continuar a evoluir. Isso é o que galga um atleta num esporte como a natação, seja no campo prático, seja nas ideias formadas a partir dessa interação virtual.
Hoje, após 10 anos de sementes lançadas e frutos colhidos, revelar a natação potiguar ao Brasil e ao mundo tornou-se um desafio do tamanho da soma das minhas principais provas de natação: 100 + 200 + 400 + 800 = 1500. Figurativamente, cada prova possui uma identidade própria de se encarar, assim como abordar a natação de escolinhas, do estadual, dos paratletas, dos nadadores do mar ou maratonas aquáticas, dos másteres e dos universitários. Nem sempre a meta de satisfação pública é atingida, tanto pelos paradigmas da natação mundialmente conhecida, quanto pelos adversários que fazem do sussurro sua arma sorrateira de não conseguir fazer melhor. Que graça teria mergulhar sozinho numa piscina com outras 07 raias vazias? Adversários são necessários e importantes, mesmo quando fingem que está tudo bem.
É sabido que nosso público da comunidade aquática é bem restrito, comparado ao público esmagador do futebol. Paradigmas estão aí para serem quebrados, desde que com responsabilidade. E mesmo que pessoalmente eu não consiga, e isso se torne um dos maiores desafios pessoais, saberei que pude contar com grandes amigos e fui o mais longe que pude ir. Só tenho a agradecer a você que acompanha e acredita neste trabalho em prol da natação potiguar e compartilha nossas matérias. Meu muito obrigado, Deus, pela oportunidade de cintilar nesta breve história de um tempo muito maior da natação potiguar.
"Take your marks": Às suas marcas: 00'00.00''...
PARABÉNS!!!
ResponderExcluir👏👏👏