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A educação física, o esporte e a deficiência

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O esplendor, a grandiosidade, a visibilidade e a importância dos Jogos Paralímpicos devem levar à discussão, à reflexão e a iniciativas no âmbito do acesso de alunos com deficiência às aulas de educação física, quer na escola especializada quanto na de ensino regular.


O ouro, a prata e o bronze conquistados em uma Paralimpíada são importantíssimos. Esses atletas são heróis do esporte nacional. Universalizar e democratizar o acesso da criança e do jovem com deficiência à educação física escolar constitui-se em estratégia fundamental de desenvolvimento do esporte e base dos campeões do futuro. Campeões não só nas pistas, piscinas, quadras e dojos, mas campeões na vida, vencendo uma barreira de cada vez.

Não podemos deixar de considerar, portanto, a educação física escolar enquanto um elemento da iniciação esportiva. Contudo, devemos considerá-la principalmente como ação universalizada de base do desenvolvimento, da formação do indivíduo e da potencialização do fazer e do interagir de crianças e jovens com deficiência.

A deficiência visual, ao contrário de outras áreas de deficiência, ainda hoje, é privilegiada quanto à democratização do acesso às aulas de educação física. Os vários institutos especializados, criados a partir da década de 40 e tendo como modelo o Instituto Benjamin Constant – IBC, nunca deixaram de oferecer aulas de educação física a seus alunos cegos e de baixa visão. Infelizmente, essa mesma realidade não é vivenciada por alunos com deficiência visual quando matriculados em escolas do ensino regular nas chamadas “escolas de educação inclusiva”, ressalvadas as exceções.

Desse instituto de educação de crianças e jovens com deficiência visual, incluindo aí o próprio Instituto Benjamin Constant, surgirão futuros atletas campeões mundiais e paralímpicos. Esses atletas, muito provavelmente, tiveram o seu potencial para o alto rendimento esportivo descoberto nas aulas regulares de educação física.
Como exemplos, mas não como regra absoluta, podemos citar todos os jogadores de futebol de 5 das seleções brasileiras, equipe consagrada quando alcançou a posição de tetracampeã mundial e paralímpica.

O futebol de cegos nasceu no pátio dos institutos. No atletismo, os exemplos vão da Ádria, ao Felipe Gomes, da Terezinha Guilhermina à Maria José Ferreira Alves. No goalball, uma pesquisa também poderá mostrar essa origem comum da maioria dos atletas das equipes da série principal e da nossa seleção brasileira – a maioria é formada por ex-alunos do Institutos especializados.

No momento, contudo, nós percebemos que as crianças cegas e com baixa visão, não tendo um outro comprometimento associado, estão sendo encaminhadas por suas famílias para o ensino regular. É importante que essas crianças com deficiência visual, matriculadas no ensino regular, não sejam simplesmente dispensadas das aulas de educação física por serem cegas ou por possuírem baixa visão. O mesmo acontece em relação às demais deficiências.

Já no esporte de alto rendimento (esperamos que as medalhas conquistadas por atletas brasileiros), as pessoas mais importantes do esporte paralímpico em nosso país sirvam principalmente para aumentar as oportunidades de acesso à educação física e à prática esportiva às outras pessoas com deficiência, principalmente àquelas para as quais a educação física é mais importante, mesmo que não apresentem potencial para ouros, pratas e bronzes futuros.






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