Existem diversas modalidades esportivas, dentre elas a natação. Praticar esportes fornece muitos benefícios para o nosso corpo e a nossa mente, mas cuidado! Existem certos fatores, circunstâncias e situações que pode transformar a vontade num dever. Assim, podemos praticar esportes por obrigação e não aproveitar o tempo que dedicamos a praticá-lo.
Em geral, quando o que nos motiva é o compromisso ou a necessidade, a motivação intrínseca, presente no começo e que era proporcionada pela atividade em si, vai desaparecendo. Portanto, a menos que seja recomendado por um especialista para o bem da sua saúde, gerar essa obrigação diária de praticar esportes não é recompensável nem recomendado.
Obsessão
Fazer algum tipo de atividade física duas ou três vezes por semana tem múltiplos benefícios emocionais, psicológicos e físicos. Por um lado, pode nos ajudar a desconectar mais facilmente das obrigações ou das fontes de preocupação, nos fortalecendo diante de picos de estresse. Além disso, é um antioxidante natural: retarda o envelhecimento precoce e melhora nossa estabilidade emocional.
O problema é quando abusamos de algo saudável, tornando-o perigoso. Se o esporte torna uma obsessão, pode ser a causa de importantes transtornos psicológicos, como vigorexia1 ou dismorfofobia2 e outros relacionados ao comportamento alimentar, como a bulimia ou a anorexia nervosa. Pode criar uma ansiedade que, se continuar, se transforma em depressão profunda ou melancolia perpétua.
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Mascara outros problemas
Uma das principais motivações que temos para praticar esportes é nos vermos melhor no espelho. Para aqueles que têm alguns quilos extras, ajuda a reduzir sua gordura corporal; para aqueles que querem manter sua silhueta, permite que mantenham seus músculos em boa forma.
Em qualquer caso, temos que prestar atenção aos sinais que o nosso corpo está nos enviando. Se no dia em que não pode se exercitar por falta de tempo, energia ou desejo, você se sente mal e sobre da síndrome de abstinência, sua mente não está em harmonia. Quando você depende de algo para estar bem, duas coisas pode acontecer: ou esse algo não está fornecendo o que você realmente deseja, ou há algum fator ou fato que está mascarado.
Por exemplo, é muito comum nos forçarmos a praticar esportes porque é assim que nos livramos dos problemas. Mas nada está mais longe da realidade: seus conflitos continuam lá depois e independentemente do número de horas que você passou se exercitando. Você não poderá resolver seus problemas os afastando, fugindo ou se refugiando em outras atividades. É por isso que, quando deseja fazer isso, a ansiedade que você tem tentado camuflar vem à tona.
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Alteração de humor
O esporte é uma excelente maneira de gerar endorfinas naturalmente. Esses peptídeos opioides3 amortecem a dor e geram uma sensação de bem-estar profundo. Portanto, o esporte nos ajuda a manter o bom humor, reduzir a tristeza e fortalecer nosso sistema imunológico.
Mas quando temos esse forte sentimento de dependência, percebemos a irritabilidade, o nervosismo e a ansiedade. Com isso, sofremos um verdadeiro paradoxo: o esporte praticado assiduamente nos faz felizes, mas a partir de um ponto, é o sofrimento que se torna protagonista.
Mudança de prioridades
Normalmente, as pessoas que passam muitas horas por dia na academia fazem isso às custas de roubar tempo de outros passatempos, amizades e atividades. Algo muito característico nessa situação é que seu círculo de relações é cada vez mais reduzido. Além disso, elas também ficam obcecadas pela nutrição.
Assim, saem para almoçar ou jantar cada vez menos com seus amigos. Não se permitem desligar um dia, porque têm a sensação de que, se o fizerem, perderão tudo o que “ganharam”. Fazer esporte por obrigação nestes casos os mergulha numa rotina que acaba por torná-lo prisioneiros.
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O que acontece com as crianças ao fazer esporte por obrigação?
É muito saudável acostumar as crianças a se envolverem em atividades de lazer relacionadas ao esporte. Com isso, vão aprimorando suas habilidades e destrezas sociais e motoras e enriquecem seu repertório de valores e comportamentos autônomos. Nesse sentido, apontar seu filho para aulas extracurriculares pode aumentar seu estímulo sensorial e polimodal, contribuindo para um desempenho mais completo e integral.
No entanto, se a atividade física que você vai realizar não lhe satisfazer, irá se converter gradualmente num fardo emocional que certamente acabará afetando negativamente outras áreas de sua vida.
Frequentemente, tende-se a pensar que todas as crianças gostam de futebol e que portanto, é bom que nos fins de semana joguem partidas com seus colegas. Mas, antes de tomar decisões por eles, é conveniente que você observe seus filho: suas habilidades, sua coordenação motora visual, seus hobbies... e deixe-o se expressar como se sente quando nada ou quando está num revezamento em equipe e especificamente se é feliz praticando esse esporte.
Lembre-se: o esporte é algo positivo e muito saudável, você pode praticar uma grande variedade de modalidades individualmente ou em equipe. Mas é importante que ele não domine sua vida ou marque suas relações com os outros; deixe que seja uma ferramenta à disposição da sua felicidade no dia a dia.
1. Vigorexia: doença relacionada a distorção da imagem que leva seu portador a buscar cada vez mais intensamente a definição muscular
2. Dismorfofobia: Um transtorno que distorce a imagem que você tem do próprio corpo
3. Um opioide é qualquer composto químico psicoativo que produza efeitos farmacológicos semelhantes aos do ópio ou de substâncias nele contidas, embora não sejam quimicamente aparentados
Fontes: A mente é maravilhosa, Fãs da psicanálise e Wikipédia
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