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Natação mundial em crise

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Informações de alto teor preocupante, foram divulgadas no Blog do Coach a partir do Boletim 223/2018 da CBDA e de alguma forma refletem a atual conjuntura política no cenário mundial da natação. Resumimos o que está acontecendo entre a FINA e a Liga Européia de Natação – LEN, pois de alguma forma reflete uma tendência local.




Não há como pensar diferente. Estamos vivenciando a maior crise que a natação mundial já viveu. Interesses de terceiros, disputas políticas escondem os reais motivos da briga que pode gerar punições sem precedentes a alguns dos melhores nadadores do planeta.

A briga é antiga. É puramente política e pessoal. Paolo Barelli, Presidente da Federnuoto, e Presidente da LEN, respectivamente Federação Italiana e Liga Europeia de Natação tem aspirações políticas na FINA. Seu desejo é presidir a entidade assim que o uruguaio Julio Maglione, atual mandatário, entregar o cargo em 2021. Maglione e sua diretoria, pensam diferente. A preferência é por Husain Al-Musallam, seu 1o Vice Presidente e natural do Kuwait.

Esta briga já ultrapassou todos os limites possíveis. Acusações, gravações, discussões, mensagens anônimas, já foi parar no Código de Ética da FINA e até no CAS/TAS. Até aqui, Barelli vem perdendo.

Agora, Barelli se une a um bilionário ucraniano Konstantin Grigorishin, dono do grupo Energy Standard, um forte grupo de fábricas e exploração energética na Europa. Grigorishin vem apoiando alguns nadadores russos e ucranianos há anos. Desde 2016, fundou o Energy Standard, clube profissional que treina na Turquia e tem nomes de peso no seu grupo como Chad Le Clos, Ben Proud, Sarah Sjoestroem, Kliment Kolesnikov, Mikhaylo Romanchuk, entre outros.

No ano passado, Energy Standard fez um evento junto com a Federação Italiana após o Mundial de Budapeste em Roma. Este ano, a intenção era a criação de uma Liga Profissional de Natação. Uma entidade WSL, World Swimming League chegou a ser criada e o anúncio de um evento que “iria revolucionar a natação mundial”.
(...)

A FINA identificando irregularidades no evento, e principalmente por estar sendo utilizado como uma forma de ganhar apoio político, emitiu uma nota indicando que não reconhecia qualquer tipo de liga, não reconheceria os resultados e recordes e ainda ameaçou punição aos possíveis atletas e/ou federações que viessem a participar do evento.

Identificando a impossibilidade de colocar nações e clubes na disputa, Energy Standard mudou sua estratégia. Criou um torneio com o nome Energy for Swim e marcou para os dias 21 e 22 de dezembro, em piscina curta, na cidade de Torino na Itália. (...)

Dois nadadores brasileiros foram convidados para o evento. Felipe Lima do Minas Tênis Clube e Nicholas Santos da Unisanta. Ambos solicitaram autorização da CBDA para participar do evento que emitiu um boletim desaconselhando a presença de ambos na disputa por conta dos possíveis riscos de suspensão.


A FINA voltou a carga e emitiu um novo boletim, agora no dia 30 de outubro, onde especificamente cita as regras BL 12.3 que determina a autoridade da entidade sobre a natação internacional e outra GR 4.5 que prevê punições para atletas e/ou entidades. As suspensões podem ser de até 2 anos.

Além do Brasil e sua nota de “recomendação (sit.), o Japão já havia proibido seus atletas de participarem há meses. Agora, a USA Swimming teve uma reunião com alguns de seus atletas do USA National Team. A entidade americana diz que não proibiu seus atletas de participarem, apenas apresentou os fatos indicando que devem ser seguidos os regulamentos da FINA.

NOTA DO BLOG [do Coach]:
O caso todo é lamentável. De todas as partes, os interesses não são o esporte, longe disso. O fato de oferecer uma premiação milionária não pode ser o suficiente para justificar um afrontamento das regras da FINA. Da mesma forma, faltou a entidade máxima da natação mundial a capacidade de negociação para um termo de resolução para o impasse. O que estamos vivenciando é ver os nomes dos maiores atletas de nosso esporte terem seus nomes sob risco de uma exposição desnecessária e prejudicial ao esporte*.

O que se percebe além desse impasse, é que se compararmos o que ganha um jogador de futebol com o que um nadador conquista num 8º lugar de uma final de mundial, a diferença é grande – em alguns casos chega a ser enorme. “Timinhos” locais de uma cidade como Natal/RN pagam muito melhores a seus jogadores do que um medalhista de ouro numa final de 1500m Livre num mundial da FINA ($10mil = R$ 37,6mil). Em meio a isso, uma entidade ou outra com supostos interesses meramente políticos que deixam de pensar no atleta para se preocupar com seu umbigo.

Crises acontecem e às vezes são até necessárias para sacudir a poeira que está debaixo do tapete. Trocando em miúdos, atletas podem ter nomes suspensos pela FINA ao se interessarem por premiações que a FINA não costuma dar num campeonato mundial. Não se trata de um direito de fato ao restringir o campo de atuação da FINA com sua autoridade sob a natação mundial, mas de simples egoísmo por interesses que fogem de um confronto democrático.

A democracia no campo de sua competitividade está em crise não só na política brasileira, não só na política da natação mundial, já há algum tempo que a democracia é ameaçada por interesses sorrateiros, inclusive quando se volta para a categoria máster da natação, para ter elementos com teor de uma ditadura.

Fonte: * Blog do Coach [Alexandre Pussield]




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