A equipe Potiguar Máster desbancou diversas equipes para subir ao lugar mais alto do pódio, tornando-se campeã brasileira de natação máster. Conheça como foi a trajetória com alguns destaques e a incrível maratona de provas que tornaram a Potiguar Máster como a primeira equipe do Rio Grande do Norte campeã brasileira de natação.
Foto: ANMRN |
Podemos dizer que até o dia 04 de abril de 2018, conforme registros oficiais reconhecidos pela maior entidade promotora de eventos másters no Brasil – a ABMN, o Rio Grande do Norte tinha em seus anais o registro de pouco mais de 20 atletas campeões brasileiros. Esses registros destacam o individual de cada atleta. São medalhas importantes, até mais que importantes, se considerarmos a repercussão motivacional, quando diversos atletas voltaram pras piscinas após vários anos afastados.
Somando cada individual, o Rio Grande do Norte podia se orgulhar de seus atletas másters, porém em 48 anos de FAN, não tínhamos nenhum registro de uma equipe campeã brasileira de natação. Do dia 05 ao dia 08 de abril, 53 atletas destemidos de diversas equipes locais uniram-se por um propósito – por uma equipe. E o resultado disso, após anos de motivação e trabalhos em prol da natação máster potiguar, foi o troféu da primeira equipe do RN campeã brasileira de natação. Agora, tanto dizemos que a Potiguar Máster é campeã brasileira, como incluímos cada atleta inscrito na equipe, cada um que batalhou pela pontuação, pela medalha, pelo recorde – todos e cada um são campeões brasileiros másteres.
Trajetória
Praticar natação tem suas dificuldades. E isso se torna ainda complicado, quando tratamos de atletas acima dos 25 anos de idade, com a maioria absoluta comprometida entre trabalho, universidade e família – os atletas másteres. Com o surgimento de competições másteres no Rio Grande do Norte, algo diferente identificou os atletas, além da mera competitividade em busca de uma medalha. Motivados pela camaradagem, os atletas começaram a se unir, quando alguém divulgava eventos de fora do Estado, para se integrar numa mesma equipe.
Desse contexto, surgiu o grupo dos Nadadores de Ponta Negra em 2010, que se mantêm até hoje ali na beira da praia, nos principais dias de folga, logo cedo, para nadar. Paralelo ao surgimento dos Nadadores de Ponta Negra, os nadadores másteres formavam grupos, viajando para as principais capitais vizinhas, mantendo a união em prol de uma equipe em campeonatos nordeste ou norte-nordeste. Somamos com isso, 02 títulos regionais conquistados em 2012 e em 2014. Destacando ainda a natação máster potiguar, outros atletas figuraram o ranking nacional em campeonatos brasileiros e até subiram ao pódio em competições de sul-americano e pan-americano em 2011, 2012, 2016 e 2017 (George Fonseca com medalhas de ouro, João Raimundo com medalhas de prata e Franklin com medalhas de bronze).
Nosso “baluarte” em que tornou o nadador Paulo de Tarso teve um papel preponderante ao instigar os nadadores locais com seu exemplo diante dos resultados em que soma 47 medalhas nacionais – 21 ouros em campeonatos brasileiros. Aliado a isso, nosso “vovô” da natação máster, o nadador José Januário, também contagiava os atletas com seus exemplos de superação além das piscinas, com inúmeros títulos regionais e nacionais em travessias (maratonas aquáticas). Todo um clima de identificação de uma equipe envolvia os nadadores, apesar de não termos uma associação declaradamente que lhes representasse.
Na transição entre 2016 e 2017, um impasse criou um obstáculo diante da ilegalidade em que tornou a antiga associação máster – a APOMN, culminando em sua dissolução para o surgimento da atual ANMRN. A nova associação agora assumida por nadadores jovens, encorajados a pôr em prática os anseios da comunidade máster potiguar e com objetividade renovadora, legalizou toda sua documentação necessária para ser reconhecida pela ABMN e assim trazer pra Natal esse campeonato brasileiro.
O fato de dispor de toda sua documentação legalizada não efetivaria a parceria feita entre a ANMRN e a ABMN para esse campeonato brasileiro, se não houvesse interesse maior de todos os nadadores, tantos os locais, quanto os de fora. Ou seja, entre todos os méritos que a ANMRN seja digna, se cada nadador que lutou pela pontuação da equipe não tivesse mergulhado ali, após pagar sua inscrição e sua camisa, não poderíamos festejar título algum.
Maratona de provas
Foi preciso 40 provas distribuídas em 04 dias de competição, num ritmo altamente dinâmico e ótima organização da arbitragem da FAN – Federação Aquática Norte-riograndense. Exceção seja a prova mais longa da natação em piscina, o 1500m Livre, que merece um destaque numa matéria específica. Também foi a primeira vez que experimentamos a utilização do suporte para a saída do nado de costas, recentemente aprovado pela FINA. Os nadadores das provas de costas (50, 100 e 200m) tinham a opção a informar ao árbitro se queriam ou não a instalação do suporte sobre bloco de partida, conforme se sentissem melhor para a saída.
Foto: Franklin F. Rodrigues |
A competição teve apoio do Corpo de Bombeiros, sem qualquer ocorrência fora do normal, ainda com distribuição de frutas gratuitamente para os nadadores. Dentre alguns dos momentos mais emocionantes, toda a torcida acompanhou a prova do nadador Wilson Brasil, da equipe D Stak de Brasília, ao nadar o 50m Borboleta. Wilson havia sofrido um AVC no final de 2017 e mesmo em recuperação, seu amor ao esporte o fez vir a Natal, especialmente para este campeonato brasileiro e assim, em meio a toda sua dificuldade, concluiu sua prova.
No resultado final da pontuação das equipes, observamos que das 10 primeiras colocadas, 05 são equipes do Nordeste e 05 do sul/sudeste. O mais notável é que dentre as equipes que melhor se classificaram na pontuação final, as vizinhas da Paraíba, Pernambuco e Ceará não deixaram por menos ao figurar dentre as grandes equipes do campeonato, além da anfitriã – a Potiguar Máster.
Um dos ótimos desempenhos no campeonato foi medido pelo troféu eficiência que destacou a equipe da UNAMI como campeã brasileira, com a incrível eficiência de 98,05 conquistada por seus 19 atletas. Ou seja, a média de pontuação de cada atleta da UNAMI colocou sua maioria absoluta dentre os 02 primeiros colocados de cada prova. O troféu eficiência mede assim o desempenho da equipe, com a Potiguar Máster conquistando a 13ª colocação, com 67,72 de eficiência (dentre outras palavras, cada atleta da Potiguar Máster conquistou uma média mínima de 01 ponto por prova). No ranking final do troféu eficiência, dentre 22 equipes, os 06 primeiros colocados são de equipes do sul/sudeste – a maioria das medalhas foi conquistada por essas equipes.
No quadro de medalhas, a equipe campeã brasileira por eficiência também somou o maior número de ouros conquistados – a UNAMI arrastou 78 medalhas, numa média de 04 medalhas por atleta. Já a Potiguar Máster aparece em terceiro lugar no quadro de medalhas, com 33 ouros conquistados além das 114 medalhas no total – uma média de 02 medalhas conquistadas por atleta. No total, foram premiados 454 atletas com medalhas de ouro, 393 com prata e 335 com bronze.
Apesar do título da equipe anfitriã, a Potiguar Máster conquistou o campeonato muito mais por participação do que por desempenho. Se não fossem aqueles atletas destemidos e instigados mesmo fora de pódio dentre os 03 primeiros colocados, a pontuação da equipe cairia drasticamente. Tivemos atletas em 4º lugar com gostinho de luta pelo bronze e tivemos destaques com recorde brasileiro e sul-americano que nos orgulharam pelo incrível registro oficial. Ou seja, essa união dos atletas dentre todas as suas diferenças foi um dos maiores fatores que conferiu o título brasileiro à Potiguar Máster.
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