Ao nadar o medley, você já deve ter experimentado não conseguir grande coisa no borboleta, nadou mais ou menos o costas, enganou no peito e apenas era regular no crawl. E mais, depois de tudo, ainda se surpreendeu como um bom nadador de medley! Como explicar isso?
Demonstração visual da transição do Medley durante prova oficial nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 |
O segredo está na transição dos estilos, um segredo difícil de aprender e que pode levar anos e anos de práticas até que você possa descobrir este fator que é uma combinação fisiológica, física e mental, que juntos fazem a passagem de um estilo para outro não ser afetada nem na intensidade e muito pouco na velocidade.
Treinar borboleta, costas, peito e crawl não é treinar medley. Treinar medley é fazer o nadador saber manter um bom padrão de nado e principalmente a velocidade após a troca de estilo. Sempre você irá se confrontar com um estilo mais fraco dentre os 04 de seu medley.
DIFICULDADES dos nadadores de medley
1. O que não nada BORBOLETA. Tem um borboleta fora do padrão de nado, não sincronizado, completa os primeiros 50 nos 200 medley ou os 100 dos 400 medley apenas na força, não consegue relaxar e normalmente tem dificuldade no uso do quadril.
2. O que não nada COSTAS. Normalmente, são nadadores de peito que tem dificuldade na coordenação de braços e pernas de costas, fazem a recuperação de braçada lateral, tentam acelerar a perna e não saem do canto.
3. O que não nada PEITO. É aquele que nada o peito descoordenado. Pernada e braçada não se ajudam, atrapalhando um ao outro, abrem os joelhos na pernada pensando em pegar mais potência e aceleram o braço feito louco sem sair do lugar. São os famosos “espectadores” da reação dos peitistas, que atacam de forma fulminante nesta parte da prova e acabam fechando a prova muito atrás pela falta de um melhor peito.
4. O que fecha mal de CRAWL. Diferente dos itens anteriores aqui você até nada crawl (quase todo mundo nada crawl!), mas fecha muito mal por duas razões. A primeira: por não ter boa base aeróbia e perder todo o seu gás a ponto de não conseguir fechar a sua prova bem; a segunda: você pode ser peitista que abusou do esforço na parcial de peito e na hora de fechar o crawl, patina adoidado e não sai do lugar.
Demonstração visual das transições do Medley |
Nenhum mistério nestas opções acima relacionadas, pois você pode observar isso em qualquer competição de natação e irá encontrar inúmeros exemplos em cada uma destas opções. Entretanto, o tema é tentar mostrar alguns caminhos para se evitar tais tipos de situações ou pelo menos reduzir o impacto negativo que cada uma causa no tempo final de sua prova.
Um detalhe é importante e precisa ser repetido: Treinar os estilos individualmente não é treinar medley. Pode ajudar, mas o que realmente conta é tentar treinar a passagem de um estilo para o outro. As viradas em alta velocidade é outro fator que faz muita diferença, pois muitas vezes o atleta utiliza a virada como forma de descanso na passagem de um estilo para o outro e demora para entrar no ritmo da prova no estilo seguinte, comprometendo sua performance.
Para evitar isso, a dica é simples: praticar as viradas de medley em alta intensidade em treinamento mesmo que as séries sejam fracas. Você irá condicionar o seu corpo a reagir para o estímulo e estar preparado para a competição apenas ao repetir o que já praticou em boa quantidade no treinamento. Abaixo, relaciono algumas séries específicas que trabalham este tipo de exercício.
Piscina de 25m
1. 40x25 medley: 01 para cada estilo a cada 40’’ (em A2: i = 75 a 80%); a cada 4 tiros, 01 dos 25 é forte (em A3: i = 90%). Ou seja, na primeira rodada, o borboleta; na segunda, o costas e assim por diante...
2. 08x100 medley a cada 01’45’’ da mesma forma, um estilo forte a cada repetição. Mesmo objetivo da série anterior, sendo que aqui as viradas são adicionadas como outra forma de melhorar a transição.
3. 16x75 a cada 1'10 os ímpares de medley sem crawl, com viradas fortes; os pares de crawl completo fechando forte. Série para aqueles que têm dificuldade na conclusão de suas provas.
Piscina de 50m
1. 03 séries variando estilos (pirâmide de volume):
1x50: 1x100: 1x150: 1x200: | 1ª série Borboleta 50bor 50cos 50bor 50cos 50pei Medley completo | 2ª série Costas 50cos 50pei 50cos 50pei 50crawl Medley completo | 3ª série Peito 50pei 50crawl 50cos 50pei 50crawl Medley completo |
Obs.: Série em A1 (i = Pode-se também fazer a série treinando o 400m Medley, aplicando o volume de cada parte em dobro (1x50 = 1x100...) |
Série que vai incluindo o estilo fazendo com que o atleta assimile a inclusão da nova passagem na transição. Pode ser feita de varias formas e distâncias, assim como você pode fazê-la tanto regressivo (de 50 a 200), quanto progressivo (de 200 a 50). A série regressiva constitui pirâmide de volume (mantém intensidade em A1 em toda a série), enquanto a série progressiva, pirâmide de intensidade (na medida em que diminui a distância, aumenta-se a intensidade). Da mesma forma você pode fazer em diferentes fontes energéticas, mas com o mesmo objetivo estratégico no treinamento da transição.
2. 3s 3x200 medley manco: Eliminar o crawl da série e realizar 100 metros de cada estilo, preferencialmente concentrar no pior estilo e os demais nadar regenerativo. Série que lhe dá uma boa condição técnica e física para melhorar o seu nado dentro de uma condição específica da prova.
Outras dicas
· Praticar perna nos 04 estilos, séries de medley ou mesmo em estilos separados para o desenvolvimento das pernas;
· Praticar combinação de braço, perna e nado completo nos 04 estilos;
· Treinar pelo menos uma vez por semana de forma específica o seu pior estilo;
· Competir em todas as distâncias e estilos para melhor desenvolvimento da técnica geral de nado;
· Séries de medley invertido principalmente para aqueles que têm dificuldade no borboleta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário...